A religião é terrível. Comporta-se como se fosse dona absoluta da verdade, desrespeita quem não concorda com os seus, digamos, ‘preceitos’, crê que ela e apenas ela tem o monopólio de tudo o que é espiritualmente bom e saudável. É por razões como estas que muitas das maiores guerras e desavenças que a História nos conta tiveram início na religião, tornando-se depois em matanças, batalhas e lutas de proporções épicas.
Na realidade esta percepção que a religião tem de si própria de se achar a única força espiritual, ou, no mínimo, a força espiritual dominante (como se o que é espírito se medisse com uma cadeia alimentar…), tem contribuído para o afastar da religião do seu verdadeiro propósito: a entidade divina. E as contas são simples de fazer: ao achar-se no domínio e controlo está a contrariar aquilo que é uma das permissas da existência do próprio Deus que pregam: o controlo e o domínio pertencem-Lhe exclusivamente, e Ele não os reparte com ninguém.
Mas já vimos que existem dois campos distintos: monopólio e domínio. No monopólio não há ‘concorrência’, digamos. No domínio (ou controlo), há concorrência mas também há uma clara predominância de uma entidade sobre outra. Foquemo-nos na primeira…
Ao considerar-se como monopolista da verdade, a religião comete vários erros de palmatória, erros que lhe têm custado o respeito e a influência do mundo. O primeiro erro é o de se colocar no alto do pedestal. Quando cremos ser os únicos, os monopolizadores, então pensamos que podemos, em linguagem figurada, ‘cobrar’ o preço que quisermos, pois não há concorrência. Ou pensamos até que o produto pode ser de menor qualidade, pois não há sequer grau de comparação. Grande engodo. Na realidade, e porque todos temos espírito, porque todos somos seres espirituais, todos sabemos reconhecer o que alimenta e o que não alimenta, o que fortalece ou faz definhar o nosso espírito.
Mas ainda mais importante e mais grave, ao olhar para si mesma como dona da verdade, a religião contraria aquele a quem supostamente cultua: Deus. Se alguém tivesse o monopólio das coisas espirituais, certamente seria Ele e não uma qualquer religião, ou uma qualquer igreja ou denominação. Ao chamar a si esse monopólio, a religião não estará a tentar substituir o próprio Deus?
O caminho das coisas espirituais é simples: compreender que não sabemos tudo sobre todas as coisas; lembrarmo-nos que há um domínio divino das questões espirituais; lembrarmo-nos que, quando muito, Deus partilhou esse domínio connosco, na esperança de que sejamos bons mordomos do mesmo. Agora, e posto isto, comportemo-nos como cooperadores dessa autoridade e não como donos dela, como conhecedores da Verdade e não como donos da mesma. No fim, vamos ver que não custa nada…
Por Ruben Barradas
Na realidade esta percepção que a religião tem de si própria de se achar a única força espiritual, ou, no mínimo, a força espiritual dominante (como se o que é espírito se medisse com uma cadeia alimentar…), tem contribuído para o afastar da religião do seu verdadeiro propósito: a entidade divina. E as contas são simples de fazer: ao achar-se no domínio e controlo está a contrariar aquilo que é uma das permissas da existência do próprio Deus que pregam: o controlo e o domínio pertencem-Lhe exclusivamente, e Ele não os reparte com ninguém.
Mas já vimos que existem dois campos distintos: monopólio e domínio. No monopólio não há ‘concorrência’, digamos. No domínio (ou controlo), há concorrência mas também há uma clara predominância de uma entidade sobre outra. Foquemo-nos na primeira…
Ao considerar-se como monopolista da verdade, a religião comete vários erros de palmatória, erros que lhe têm custado o respeito e a influência do mundo. O primeiro erro é o de se colocar no alto do pedestal. Quando cremos ser os únicos, os monopolizadores, então pensamos que podemos, em linguagem figurada, ‘cobrar’ o preço que quisermos, pois não há concorrência. Ou pensamos até que o produto pode ser de menor qualidade, pois não há sequer grau de comparação. Grande engodo. Na realidade, e porque todos temos espírito, porque todos somos seres espirituais, todos sabemos reconhecer o que alimenta e o que não alimenta, o que fortalece ou faz definhar o nosso espírito.
Mas ainda mais importante e mais grave, ao olhar para si mesma como dona da verdade, a religião contraria aquele a quem supostamente cultua: Deus. Se alguém tivesse o monopólio das coisas espirituais, certamente seria Ele e não uma qualquer religião, ou uma qualquer igreja ou denominação. Ao chamar a si esse monopólio, a religião não estará a tentar substituir o próprio Deus?
O caminho das coisas espirituais é simples: compreender que não sabemos tudo sobre todas as coisas; lembrarmo-nos que há um domínio divino das questões espirituais; lembrarmo-nos que, quando muito, Deus partilhou esse domínio connosco, na esperança de que sejamos bons mordomos do mesmo. Agora, e posto isto, comportemo-nos como cooperadores dessa autoridade e não como donos dela, como conhecedores da Verdade e não como donos da mesma. No fim, vamos ver que não custa nada…
Por Ruben Barradas